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AS REGRAS DO JOGO

por Jacy de Souza Mendonça Publicado originalmente em 08/01/2019 em 5/7/2021

AS REGRAS DO JOGO

Jogo é atividade, física ou mental, entre duas ou mais pessoas, com propósito recreativo ou profissional, que busca alguma espécie de prêmio ou prazer. A sorte pode integrar sua prática, assim como o lucro, embora não contem entre seus elementos essenciais. Os sistemas jurídicos positivos divergem sobre considerar essa atividade lícita ou não. Atribuem com frequência liceidade a algumas de suas modalidades e tratam como ilícitas as demais.

Essencial no jogo é a preexistência de regras, que devem ser rigorosamente cumpridas pelos jogadores; aquele que as desrespeita é punido ou afastado da prática. Tão importante seu papel que o derrotado tem normalmente a elegância de reconhecer a vitória de seu êmulo e cumprimentá-lo pelo êxito. Cumprimenta o vitorioso por ter praticado com sucesso as regras do jogo.

O sistema eleitoral político democrático copia em muito o esquema de um jogo, valendo-se de leis que desempenham o papel das regras lúdicas; aqui, também, obedecê-las é indispensável e ser derrotado não é desonra. O vencido cumprimenta o vencedor, apesar de o resultado lhe ter sido desfavorável, pelo fato de ele ter disputado e vencido a peleja respeitando suas regras; a negativa de cumprimentar o exitoso que aplicou as normas deixa claro, por isso, que o perdedor não entende ou não aceita o processo eleitoral democrático.

Uma demonstração pública de vivência respeitosa do sistema eleitoral democrático nos é dada pelos ex-Presidentes da República nos Estados Unidos da América do Norte. Em todos os atos e solenidades públicas estão todos eles presentes, lado a lado, indiferentes às origens partidárias ou ideológicas. É a evidente revelação de que vencedores e vencidos vivem e aceitam cem por cento o sistema eleitoral democrático e que dele participam dispostos a ganhar ou perder, honrando sempre seus resultados.

Esse foi o ponto negro da cerimônia de posse do novo Presidente da República brasileira. Os derrotados, incluído entre eles um ex-Presidente da República, recusaram-se a participar do ato, não por alegarem irregularidade na aplicação das regras, mas apenas porque o resultado não lhes foi favorável. Só cumprimentariam o vencedor no jogo da democracia se e quando fossem eles mesmo os consagrados, ou seja, não são democratas.