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Ética nos negócios: uma questão de sobrevivência

por Walter Barelli em 5/14/2021

Ética nos negócios: uma questão de sobrevivência

"A maior parte das companhias ainda não pratica responsabilidade social."

Walter Barelli

Embora seja uma prática relativamente nova nas empresas brasileiras, a responsabilidade social tem freqüentado a mídia com certa pompa - o que é bastante positivo, pois a divulgação estimula a adesão aos novos princípios, seja porque valoriza as companhias que já aderiram a eles, seja porque sinaliza um futuro nada promissor para as não-éticas. Os dados que emergem desta ou daquela fonte, porém, indicam que a maior parte das companhias ainda não pratica responsabilidade social profissionalmente, concebida como projeto integrado ao trabalho das corporações, com orçamentos específicos, metas definidas e resultados mensurados a cada período. Predominam ações isoladas, muitas vezes filantrópicas. Aos poucos, porém, é certo que o Brasil seguirá os passos dos países desenvolvidos, onde, por iniciativa espontânea das empresas ou por pressão da sociedade, a responsabilidade social já está instituída. Na Europa e nos EUA, as grandes companhias, especialmente, entenderam que neste mundo globalizado, onde a informação é cada dia mais veloz e democrática, os mercados mais interdependentes e o capital mais internacional, a ética nos negócios está se tornando questão de sobrevivência. Os grandes investidores já rejeitam participar de empresas com histórico de desrespeito aos direitos humanos ou ao meio ambiente. E multiplicam-se os fundos de investimentos em empresas que comprovam boa conduta ou vão além, aplicando parte de seus lucros em atividades que ajudam a melhorar a qualidade de vida de seus funcionários e da comunidade em geral. Naqueles países, ainda, parte dos consumidores já ignora nas gôndolas os produtos de empresas suspeitas e aceita até pagar mais pelos fabricados por companhias idôneas. No Brasil, já há pelo menos um fundo de investimento entre as empresas socialmente responsáveis e uma instituição financeira oferece avaliação de companhias para investidores estrangeiros interessados em aplicar recursos em empresas éticas. Os especialistas calculam que cerca de 80 companhias brasileiras atualmente divulgam o Balanço Social. E, de acordo com vários artigos veiculados na mídia, das 400 companhias associadas ao Instituto Ethos, 73 preencheram e remeteram à entidade no ano passado o formulário Indicadores Ethos, questionário com 155 perguntas encadeadas estrategicamente para medir o grau de responsabilidade social das empresas em relação a vários temas, que englobam de funcionários e fornecedores a comunidades, governos e meio ambiente. Os números são modestos e as informações disponíveis indicam que ainda há muito caminho a percorrer. O item do Indicadores Ethos relativo à diversidade do quadro de funcionários, que oferece a medida da discriminação dentro das empresas, contabilizou as notas mais baixas, com média 3, para uma pontuação que varia de zero a 10. Outra fonte, o Ibase, reforça a idéia de que as companhias nacionais discriminam na hora de contratar. Das 34 empresas que publicaram o Balanço Social segundo o modelo da entidade no ano passado, apenas oito responderam o campo "número de mulheres", que representavam apenas 36% dos empregados e, em seis delas, somente 5% dos cargos de chefia. Por enquanto, mostram os estudos do Ethos, as corporações investem sobretudo nos temas comunidade e consumidor, o que na verdade é fácil depreender das ações divulgadas. Se ajudar crianças e comunidades carentes - o que é louvável e necessário ainda mais num país como o nosso - proporciona ganhos de imagem, tratar bem o consumidor pode simplesmente evitar perdas nesse campo. Nesse caso, a proteção do Código de Defesa do Consumidor, legislação bastante avançada e amplamente conhecida pela população, é a peça chave para compreendermos porque as companhias se dedicam com mais afinco ao tema. Já a falta de consciência (ou de boa von Autor(es)

Walter Barelli Academus

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