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O Inimigo sem Rosto

por IVES GANDRA DA SILVA MARTIN em 5/14/2021

O Inimigo sem Rosto

Revista "Brasilia em Dia" de 16/9/2001.

Em 1996, publiquei o livro "Uma visão do mundo contemporâneo", em que, no capítulo sobre terrorismo, previa para breve a chantagem internacional desses grupos marginais, atingindo as grandes metrópoles de nações desenvolvidas, pelo avanço da tecnologia e do poder econômico, que seus criminosos líderes usufruiriam.

O livro editado, posteriormente, em Portugal e vertido para o russo em 1999 e para o romeno, em 2001 "fui a seu lançamento em Bucareste em abril deste ano" e mereceu de algumas das autoridades desses países, considerações pessoais, em que manifestavam a mesma preocupação com o terrorismo e o narcotráfico, inimigos sem face da humanidade.

Os Estados Unidos parecem não ter dado a devida importância a tais grupos, mais voltados a criar uma imensa proteção aérea contra eventual "inimigo com rosto", muito embora, desde a queda do Muro de Berlim, já não haja adversário capaz de enfrentar, em campo aberto, a maior potência do mundo.

Suas forças de inteligência perderam relevância, como ocorreu em Pearl Harbour, no distante 1941, ano em que sua frota no Pacífico foi destruída pelos japoneses, em ataque tão bem planejado quanto o atentado terrorista de terça-feira.

Preocupados, seus dirigentes, com os grandes projetos de defesa contra um inimigo, de rigor, inexistente, não deram a atenção devida aos pequenos projetos de segurança e informação contra um inimigo real, que é o terrorismo internacional e que tem flagelado a humanidade, com maior intensidade, depois da 2a. guerra.

Hoje, todo o sistema de defesa e inteligência dos Estados Unidos tem que ser repensado, como o de todos os países civilizados ou emergentes de expressão.

O descuido e despreparo americanos, todavia, não significam que não haverá reação.

Tem, o povo americano, demonstrado, através da história, imensa capacidade de recuperação perante os desafios. Pearl Harbour foi uma vitória de Pirro para os japoneses, pois, ao despertarem o gigante americano, perderam a guerra.

No campo espacial, a derrota para o "Sputinik" em 1957, que deu aos russos o privilégio do pioneirismo na exploração espacial, significou a vitória americana, na corrida para a conquista do Universo, passando seu rival, em 10 anos, com o pouso do primeiro homem na Lua.

Estou convencido que os americanos irão investir, pesadamente, nos serviços de inteligência, como o farão os países desenvolvidos. Creio que até mesmo o Governo brasileiro, que vem sendo atacado por obscuras e retrógradas forças de esquerda, que desejam ver o país desarmado perante a subversão e o "inimigo sem rosto", compreenderá que deverá investir na "inteligência" e na "informação" para que não aconteça aqui, o que ocorreu nos Estados Unidos.

Os pesados recursos que serão voltados aos serviços secretos das maiores nações, certamente, multiplicarão os "James Bonds" da espionagem com a possibilidade de detecção rápida dos núcleos de fascínoras e genocidas, que se abrigam na vasta gama do terrorismo internacional, chaga tão grande na humanidade quanto o narcotráfico. Alvim Tofler, em "Guerra e Anti-guerra", já alertava para a necessidade de tais investimentos fundamentais.

Nos próximos meses, é ainda provável que estes "desequilibrados mentais" levem certa vantagem sobre os serviços de inteligência do mundo, mas estou certo de que o atentado contra os Estados Unidos decretou sua pena de morte, pois serão caçados, a ferro e fogo, em todo o globo e por todos os governos de todos os países civilizados, nem podendo ter abrigo naquelas nações que hoje os toleram, por medo de retaliações.

O macabro "show" do dia 11/9/2001 pode ter sido o início do fim de um dos maiores flagelos da humanidade perpetrado sempre por seres, que só na aparência são humanos, visto que são autênticos e selvagens animais. SP., 12/09/2001.

IVES GANDRA DA SILVA MARTIN